A origem do American Staffordshire é exatamente a mesma dos seus "primos" American Pit Bull Terrier, Staffordshire Bull Terrier e Bull Terrier e converge para os antigos Bulldogs. Ao longo dos séculos XV até XVIII os antigos Bulldogs ingleses passaram por uma evolução adaptando-se a função que exerciam: combate contra touros e outras feras. Essa evolução consistiu em aumento de ferocidade, determinação e claro, força muscular. Na metade do século XIX, houve uma proibição de "Blood Sports" no Reino Unido, e com isso os donos de Bulldogs foram obrigados a encontrar outras funções para esses cães. A alternativa encontrada foi o combate entre cães, pela facilidade de ocupar espaços menores. A prática mostrou aos apostadores que deveriam desenvolver cães mais ágeis e para isso introduziram cruzamentos de raças menores como Greyhounds e Terriers. Temos aí um novo cão que se subdividiu nas vertentes que conhecemos atualmente. Tivemos um grupo que foi desenvolvido buscando a participação em exposições de beleza (Bull Terrier) e tivemos um grupo que inicialmente foi concebido para combates (Staffordshire Bull Terrier). Os Staffordshire Bull Terriers receberam esse nome devido ao condado do mesmo nome onde foram desenvolvidos.

Os Staffordshire Bull Terriers foram levados para os Estados Unidos, e no início do século XIX continuaram um processo evolutivo que resultou num aumento de tamanho e peso e passaram a ser conhecidos como Pit Dogs. Em 1898, o United Kennel Club reconhece a raça como American Pit Bull Terrier e alguns criadores começam a expor seus cães, porém muitas vezes continuam emparelhando-os em combates. Durante toda a primeira metade do século XX houveram diversas tentativas de que o AKC, maior entidade cinófila americana, reconhecesse o American Pit Bull Terrier. Porém, a entidade alegava que a raça ainda estava ligada aos combates e não tinha características morfológicas regulares. A vertente de criadores mais ligada as exposições consegue com muito esforço que esses cães consigam o reconhecimento em 1936 com o nome de Staffordshire Terrier para diferenciá-los do Staffordshire Bull Terrier original. Com a solidificação dos padrões, o AKC muda o nome para American Staffordshire Bull Terrier em 1972 e restringe seu padrão para que haja maior diferenciação do Pit Bull.

MARCA REGISTRADA: O TEMPERAMENTO EQUILIBRADO

Ao depararmos com um American Staffordshire Terrier, torna-se impressionante sua substância muscular. O corpo é retangular, de tamanho médio, musculoso e a cabeça para muitos chega a ser desproporcional devido a mandíbula pronunciada. Apesar de ter todas as características que denotam agressividade, o American Staffordshire exibe um temperamento calmo e controlado, mesmo em relação a outros animais. Esse caráter resulta da seleção feita há muitas gerações, justamente com o intuito de diferenciá-los dos cães de combate. Realçar a beleza física e abrandar o temperamento resultou em cães mais fáceis de distinguir do Pit Bull.

Alguns criadores acreditam que a raça deva continuar evoluindo somente em função de exposições de beleza, porém isso tem feiro com que os cães percam cada vez mais a característica de Terriers e algumas vezes produzindo cães muito apáticos. Mas temos também alguns criadores que encaram o American Staffordshire Terrier como um cão de trabalho nato, buscando aproveitar todo seu potencial físico e psíquico em provas de Adestramento e utilização para Guarda e Proteção.

Resultado dessa combinação de qualidades, o American Staffordshire Terrier pode ser indicado para qualquer família, bem como para crianças, devendo apenas ter-se o cuidado de imprimir ao filhotes regras da casa, a exemplo de qualquer outra raça. Alguns exemplares com caráter mais dominante podem ter alguma dificuldade de se relacionar com o mesmo sexo, herança dos antepassados de combate. Porém com uma socialização correta é possível condicioná-los a uma convivência vigiada.

Além do formato do corpo retangular, tronco mais arredondado e cabeça maior, podemos diferenciar o American Staffordshire Terrier pela coloração da trufa nasal e cor do pêlo. O padrão do American Staffordshire Terrier não permite trufa nasal avermelhada (Red Nose) e também não permite cães com mais de 80% de branco no corpo.

COMO ESTÁ A RAÇA NO BRASIL E NO MUNDO

No seu país de origem, os EUA, o American Staffordshire Terrier não é campeão de popularidade, mas mantém um bom número de admiradores e proprietários. Consegue em alguns casos atrair antigos criadores de Pit Bull que buscam cães com estrutura mais requintada. Na Europa tem sofrido certa discriminação devido a sua semelhança com o Pit Bull e principalmente a um acidente na Alemanha envolvendo um exemplar que ao escapar matou uma criança. Apesar de não ser uma conduta característica da raça, não podemos descartar exemplares com desvio de comportamento ou má criação, que pelo seu potencial podem causar acidentes fatais como esse.

Aqui no Brasil, a raça teve seu impulso a cerca de cinco anos, pela notoriedade do seu primo Pit Bull e como nos EUA, mantém uma moderada ascensão. Curioso é notar que no início, os criadores de American Staffordshire centralizavam seus esforços para distinguir a raça dos Pit Bulls e atualmente temos um quadro onde os criadores de Pit Bulls de exposição buscam cada vez mais, mesmo que inconscientemente, aproximar o aspecto geral do Pit Bull ao American Staffordshire. No início da década de 90 tínhamos a região Sul do país como um pólo da raça, mas devido as matérias e publicações mais regulares, outras regiões como São Paulo, Rio de Janeiro e parte do Nordeste passaram a produzir bons exemplares da raça afirmando cada vez mais esse magnífico cão.